quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

EMPRESÁRIO ALEGA PROBLEMAS DECORRENTES DA SECA PARA DIMINUIR PRODUÇÃO NO VALE DO AÇÚ E NO ESTADO

O agravamento da seca e as limitações no Perímetro Irrigado do Baixo-Açu no Rio Grande do Norte levaram a Agrícola Famosa, maior empresa exportadora de frutas frescas do Brasil e maior produtora de melão do mundo, a transferir 30 por cento de sua produção no Estado para o Perímetro Irrigado do Baixo Acaraú, no Ceará. Segundo Luiz Roberto Barcelos, sócio-diretor da Agrícola, em reportagem publicada no exemplar de ontem do jornal Tribuna do Norte, com a transferência, entre 300 e 400 famílias foram demitidas, o que equivale a 10 por cento do total de funcionários que a empresa mantinha no Rio Grande do Norte. Para aumentar a produção no Estado vizinho, a Agrícola investiu, de início, oito milhões de reais. A matéria registra que o valor poderia ter ficado no Estado e não considera o investido no custeio das atividades no Ceará. Antes de pensar em transferir parte da produção, a empresa havia investido cerca de 20 milhões em galpões para embalar frutas no Rio Grande do Norte. O empresário enfatizou que fazer tudo de novo no Ceará. A área de plantio, na região Oeste, foi reduzida em 23,3 por cento, passando de três mil hectares para 2,3 mil. No Ceará, a área cresceu na mesma proporção. A empresa, que produz 60 mil toneladas de frutas no Ceará e 120 mil toneladas no Rio Grande do Norte, já admite novas transferências, caso a oferta de água para irrigação no estado não seja ampliada. O empresário justificou que o Perímetro Irrigado do Ceará tem água com qualidade e em abundância, por isso acabou se decidindo por deslocar-se para lá. Identificou que este é o primeiro grande problema estrutural do Rio Grande do Norte: a falta de recursos hídricos suficientes em tempo de seca. Relatou que os poços da Agrícola no Estado ou secaram ou salinizaram, com a seca. Ele admitiu que a Agrícola Famosa poderia ter transferido parte da produção para o Perímetro Irrigado do Baixo-Açu, concebido para o desenvolvimento da fruticultura irrigada, mas quase 30 anos depois de ter sido implantado – ao menos em parte, menos da metade do projeto inicial foi executado. Dos seis mil hectares que seriam distribuídos entre pequenos agricultores e empresas, apenas três mil foram distribuídos desde a década de 80. O empresário registrou que vai aguardar como vai se comportar o inverno. Disse que, se for bom, tenciona voltar para o Estado. Porém, se o inverno for fraco e não houver reposição da água, pensa em transferir uma parte ainda maior da produção. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Rogério Marinho, mas ele estava em reunião, e não atendeu as ligações. Na última semana, Rogério reuniu-se com outros dois empresários que também decidiram transferir parte da produção para outros estados do Nordeste, por razões diferentes. O jornal aponta que a transferência de parte da produção da Agrícola Famosa para o Ceará deve impactar ainda mais nas exportações do Rio Grande do Norte, que não anda muito bem neste quesito. O volume exportado pelo Estado no ano passado (379 milhões 341. mil e 419 quilos) foi o menor desde 2002, quando o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior passou a disponibilizar a série histórica. O Estado, que registrou queda de 64,7 por cento no volume exportado no período, seguiu na contramão do país, que registrou alta de 84,2 por cento no volume exportado entre 2002 e 2012.
RÁDIO PRINCESA DO VALE.

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